O parto do poema
A indômita e eterna ânsia
De transpor a barreira da voz
Sufoca o parto do poema
Cativo pela barreira mais atroz
Nas mãos, a vontade do lápis
A necessidade da letra que se cala
Faz-me ligeira a procura da maneira
De libertar o que a boca não fala
Cedo minha alma a outros
Exalo pelos poros parte da vida
Que cabem na folha do papel
Preenchida pelo meu proprio sangue
Liberta, sai-me nos ombros o peso
Da escrita que deixo
Rompo o cordão que me ligava
E deixo que o vento carregue
O que antes respirava para viver.
E assim,
Mesmo que minha palavra
Seja muda ao mundo
Escrevo.