A ROSA (E O CRAVO)
A rosa é livre
a rosa é medrosa
Uma rosa que é rosa
e outra desbotada
Percorre os espinhos
perfura meu calcanhar
Perfume dos deuses
de rosa e dos córregos
Uma rosa em volta
de dois corpos plásticos
Minha canção derrota
essa rosa que é palida
As rosas tem sotaque
outras não têm nada
Outra flor diluida
em risos e temporais
De um lado roda
a morta rosa de descaso
Um cravo chora rios
e lagos largos sólidos
As pétalas da rosa
se perdem no vendaval
Silêncio por silêncio
É a morte do cravo
Um bravo escravo mói
o amor de duas flores
A morte cor-de-rosa
É a morte de um cravo
A rosa que repousa
Rosa rosa abalada
O cravo ora desprende
de um fim desesperado
Perfume dos deuses
cravados no paladar
As dores dos espinhos
as dores em meu calcanhar