Ah! A Poesia!

Ah, a poesia!

Ter o mundo e mais entre os dedos!

Poder recriar aquilo que se imagina!

Poder singrar águas, montes e gelos,

Prados floridos e floridas campinas!

Com ela posso fazer você, você mesmo,

Que me lê, acreditar nessas minhas linhas;

Acreditar que, agora mesmo, vejo um palco

Arredondado tendo no centro uma bailarina

Em sutis movimentos, esboçando um salto

Num espetáculo visto apenas por uma menina,

Aquela mesma, paralítica, da casa da esquina!

Rodopia a bailarina com seu estrelado vestido

Tão aderido ao corpo como uma segunda pele.

Os olhos fechados, esboçando um sorriso,

Lá vai a bailarina num malabarismo celeste!

Vejo os cabelos em caracóis doirados caídos;

Os lábios veludos rubros como o pôr de dois sóis;

A menina paralítica em delírio, aplaudindo;

O ar enriquecido pelos acordes, solos e bemóis!

Dança a bailarina numa viagem única e lúdica.

Encantando aquele mundo da menina paralítica

Semelhante aquela bailarina da caixa de música

Que ela tinha quando era criancinha.

E agora? A estória é verídica?

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 22/12/2009
Código do texto: T1991383