Amor de infância

Quando passava,
Ali estavas.
Acompanhavas-me da janela.
Podia sentir o calor
Que do teu olhar estava a sair,
Meu corpo tocar,
Minh’alma queimar.
Podia sentir o cheiro,
Mesmo de longe,
Do teu perfume.
Todo o espaço preencher.
E eu te inspirava como?
Como se no ar tu estivesses
E eu passava
E, com chuva ou sol,
Sempre, sempre por ali,
Eu voltava e acenava.
Na nossa inocência,
De longe, nos gostávamos…
De longe, nos amávamos.
Agora, por ali passo, mas
Ninguém na janela está.
Foste, partiste.
Para onde? Quem a viu?
Perdi meu amor de infância.

 
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