O amor não exige amor
Nas asas invisíveis deste vento
Vão as folhas sêcas do outono,
Forram o caminho onde me sento
Fazendo das pedras o meu trono.
Voa livre nos campos meu suspiro
Soprado morno por minha boca,
O horizonte azul que agora miro
De saudades deixa a alma louca.
Olho ao redor e fico magoado
Com o coração um tanto triste,
Você passou feliz ao meu lado
Meu sofrer por querer não viste.
Ouvi a voz ao longe por suposto
Angustiado tapei o meu ouvido,
Sentindo na boca amargo gosto
Do amaro paladar de amor ferido.
Sei que a brisa tocou meu peito
Feito brumas de um amor além,
Há de encontrá-la de algum jeito
E haverá de tocar o teu também.
E te contarei toda minha história
Por onde derramei o meu pranto,
E as honras desta minha vitória
Ouvirás na melodia do meu canto.
Se pensas ó amada que não mereço
Não peço que me ames com loucura,
Em troca deste amor que te ofereço
Apenas dá-me um pouco de ternura.