Se por acaso voltares

Se por acaso voltares

Para esquecer os pesares

Que a ventura te legou,

Desfaz(e) a mala, sem medo,

Sabes da porta o segredo

Se esquecido não ficou.

Se despertar-te a vontade

Inda possuis liberdade

Para os desejos fartar;

Caso não tenhas mudado,

Encontrarás ao teu agrado

Castanhas e uísque no bar.

Por favor, não te magoes,

Peço sim que me perdoes

Pela moldura vazia;

Na incerteza do retorno,

Para não causar transtorno,

Guardei tua fotografia.

Se desejares ficar,

Poderás desabafar

Com Bethânia a noite inteira,

E se não for suficiente

Poderão ser confidentes

Os livros de cabeceira.

Devo estar entre os boêmios,

Ostentando como prêmios

Ilusões da mocidade,

E só devo aparecer,

Quando a lira emudecer,

Embriago em saudade.

Jorge Moraes -

Livro: Acalantos - publicação anos 80

Jorge Moraes
Enviado por Jorge Moraes em 27/12/2009
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