MEU CORAÇÃO

Afasto nuvens zelosas de suas lágrimas

Que teimam se lançar sobre a rua

Como se fossem águas cármicas

Sobre nossas almas nuas

E escrevo um poema dentro do escuro

Usando vagalumes que saltam por sobre o muro

E vem me visitar...

As palavras riem de seus sentidos

Rasgam suas calças seus vestidos

Se vestem de grama e trigo

Se põem a dançar com o figo

Maduro que dança com o vento

E eu que fora de outro tempo

Rabisco versos na pele d'água

Sem dor e sem mágoa

Ponho azul sobre o carmim

E amor dou

O que está em mim...

Como um livro que se fecha

E mora dentro da escuridão

Deixo entrar por uma fresta

As últimas palavras lá fora

Meu coração.