Homenagem póstuma a um amor

Tenra idade e já parte este amor...

Pereceu apesar da ternura, do apego, das promissões

E eu o vejo seguindo no cortejo que segue rumo ao horizonte...

Segue belo como veio, pálido pela infusa enfermidade

Puro, totalmente angelical, incólume sentimento que nascera

Singular, posto não ter envelhecido e, assim, jovem falece.

Ao coração resta a conformada viuvez

Esta que persegue as ladeiras por onde acompanho o adeus final...

À espreita uma canção, melodia dissipando-se pelo ar

Por certo a mesma que dourou de calor as sensações de outrora

Hoje menos fervente, avassalada pela indolência do momento que restou

Em desatino, imprópria, inócua, tenta refazer, inglória, antigas emoções...

Ainda se pode inaugurar alguma inadvertida lágrima

a banhar a sonhadora veste azul do perdido amor...

Urge-me homenagear o nobre sentimento que morreu nem sei por que razão...

Entendo que se esfriou como quem perdeu o sol e não mais se iluminou

e tudo isso antes, bem antes da sobrevida que lhe dei

Sobrevida cronometrada quanto durasse a vida...

A este ser extinto, instituidor de rico legado nem mesmo imaginado

Presto sentidas condolências, ele que fora concebido com nuances de eterno

Crescera rápido e curara duras feridas d’um coração adormecido

Traduzindo alegrias insondáveis e indescritíveis...

Ele que se fez de risos fortuitos e imagens de tão longe transpostas

caminha, doravante, em busca de medonhas e encantadas reencarnações

Se é que é possível vida após o fim de um amor.

Nalva
Enviado por Nalva em 28/07/2006
Reeditado em 04/02/2014
Código do texto: T204155
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