O AMOR

A figueira reconhece quem deitou à sua sombra,

Deixou-se levar por sonhos que flutuavam ao redor,

Adormeceu, esquecido das mãos do tempo

A dar corda na vida, folha na relva,

Miúda forma enrodilhada em si mesmo...

O sol ao sul aquece barcos que pescam para a fome,

Lambe o costado de navios, solene,

Um frêmito de frio ronda a espinha do mar,

Vozes d'água cantam macias algas,

Os pés do pescador se agarram ao madeirame,

Como um berço com soluço dança sobre seu dorso...

Nenhuma palavra sairá de casa nesta estação;

Recolhidas nos corações do homens,

Plantam, regam, cuidam, ninam,

Ensinam a nascer e a andar

O futuro de todas elas,

O amor.