FANTASMAS DE MEL
Aproximava-se o meio-dia
Vagava por entre os túmulos
Das horas mortas...
Procurava do passado
alguma porta...
Somente os sussurros
das lembranças
gemiam a cada passo...
Vicejava os vazios
sem embaraço...
Sob a noite dos meus olhos
sombras de luz dormiam
aqui e ali...
Avistei mais adiante
a árvore de Salvador Dali!
(A sua frente esculpido
em quartzo hialino
brilhante e translúcido
estava o meu amado...)
Toquei seu mar transbordante
Abri a página marcada:
e nela estava o mapa
do antigo segredo,
Do misterioso livro
que se abre e se fecha
sobre si mesmo...
A folha que cai
ao tocar o chão
fechará o livro.
Como ficará, então, o romance?
Receberão do Olimpo
uma outra chance?
Li nas coordenadas
o encantamento...
A longitude mostrou
o ponto fatal.
O passado cintilou
por um momento...
A rosa dos ventos girou
de forma visceral...
Amantes num beijo de amor!
Transfiguravam-se
num caleidoscópio de cor...
...sob seus pés
o Ganges, o Everest,
o Céu...
Ah, quanta dor
o olho de Hórus chorou!
Pois dos amantes
em lua de mel
restaram apenas
dois fantasmas
tecidos de lembranças
e sonhos de mel.
*entenda-se amantes como aqueles que amam.
** poema pensado a partir do poema "Fantasma de mel" do escritor Machado de Carlos.
Imagem: de minha autoria