Amigo amor

Eu tenho um poema para você, desses que ainda não escrevi

Ele mergulha em meus pensamentos por todos os lados...

Pego-me compondo os versos do jeito que vão fluindo

E eles correm como orvalho que escorrega na verde palma

Vão e vêm, filmando a imagem do seu rosto, sem que o veja

E me retornam melodiosos, num formato de secreta emoção!

Eu tenho um poema aflorando com veemência, quase um prelúdio

Pra você doce amigo, pra você imperdível e eleito amor ...

E ele me arromba os átrios, desejando se extravasar num efeito pontual...

Flagro-me querendo lhe dizer que pode recostar-se em meus ombros

E podes chorar e sorrir quanto exija seu arroubo de desejo e sensibilidade

E ainda deitar seu riso ou pranto no meu colo que é tão seu...

Eu tenho um poema, dois, três, um compêndio a você endereçado

Amigo do meu amor desmedido, se soubesse quanto me inspira o coração!

E quanto mais componho, mais versos frondosos, fortuitos e infindos me vêm...

Eles se põem a dizer estrofes belas, surgidas na medida da sua existência, amigo amor...

Em você tenho meu próprio poeta e nosso próprio poema

Que de longe escrevemos, vibrante e puro, sem pressa de terminar...

Eu tenho um poema para você, este que estou acabando de escrever...

Poeta amigo, de quem tomo a dor mesmo com as mãos, se o precisar...

Poeta amor, a quem devolvo em dobro o sentimento dedicado

Nos versos que nunca se esgotam e nascem no interregno do segundo...

Transponho a poesia ao amigo amor, cúmplice que a reconhece por toda a ternura que me entrega até mesmo pelo evento de existir...

Importa que de tanto abrigar e eternizar forte e sublime milagre da criação

Tornei-me um pouco aspirante a poeta, com esse dom completamente seu!

Nalva
Enviado por Nalva em 03/08/2006
Reeditado em 27/07/2017
Código do texto: T207999
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