O QUADRO
Rabiscos traços, de carvão sobre a tela,
Tão branca que agora, não é mais aquela...
Enquanto eu crio o meu sonho, recrio tão bela,
A vida que pinto, nem é, em aquarela.
Como em transe, ágil e esperta,
Vou de negro esfumaçando a arte,
Que nasce do fim e principia parte,
De um todo envolvente, que virá depois.
Não sendo tola, ao contrário alerta,
Jogo com as cores todo meu sentimento,
Qual forte e real expressão do momento,
Que ferve a veia e jorra todo o prazer.
Não são mais, os rabiscos, que estão nela,
Minha alma se crava, na tintura, sou ela!
A obra que encanta e nos livra da cela,
Auforria o amor que nos une e sela.
Nice Aranha