Amalgamados

Noto seu corpo noturno,

Ainda sonolento e mal coberto,

Deixando ver as formas e o prumo,

Atraindo-me ainda para mais perto...

Meus pensamentos começam a voar,

E minhas mãos são como hordas,

Loucas para lhe tocar,

Enquanto você não acorda...

A sua natureza seminua

Parece perfume transpirar...

São como gotas de orvalho da lua,

Molhando uma flor bem devagar...

Até que no escuro noto seu olhar,

Brilhando como um prisma,

Lábios entreabertos esperando eu beijar,

E te amar feito um cataclisma...

Pois teremos a lua e a madrugada,

Como cúmplices que nos observam,

Fazendo do silêncio uma toada,

Entre as paredes que nos reservam...

Nossos corpos se esfregam ardentes,

E parecem que tudo podem queimar,

Até num simples toque envolvente,

Nas variadas posições de amar...

Em nossas mãos, pele e boca,

Nos cabelos, suor e beijos...

Há uma poesia que evoca

Nossas almas e nossos desejos...

E se uma noite nos pareceu pouco,

Deixamos que a manhã sirva de continuação,

Dando dádivas a este nosso amor louco,

De tão divina inspiração...