sem deuses, nem documentos

Voei à volta do mundo,

É sem cantos, concreto

é redondo tem encantos

Sonho quando ereto ando

Acordado é que voo

Nada mais nunca me pergunte

Pois falo o que não te respeita

Eu só digo de amor e mais paixão

Não sei sorrir falsidade no nada

Mesmo não estando a teu lado

Inda penso em ti toda hora

Quando como, quando sangro, quando sou

É certo que não me entendes

Nem eu sei mais como te mostrar

Além da luz das estrelas

das variadas e mesmas cores do mar

Dos fulgentes raios de lua

Nas águas em que te banhas nua

São tantas e poucas as coisas da vida

Só não tenho medo de amar...

Sou tão fraco quanto os fortes

Tenho força na imaginação

Não jogo com alheios sacrifícios

ainda corro na contra-mão da sorte

de vampiros jurados de maldição...

Sou vento que apaga velas

Sou brilho na imensa escuridão

Já caí além dos abismos, todo ano

E sei de ventanias, como é o Minuano

Não tenho qualquer resposta outra

Sou tão grande quanta a menor pessoa é

Se venho da terra, como fogo, bebo água

Respiro ainda só no ar

Quis uma vez tê-la todo dia

Sem querer saber de bom ou ruim

Hoje sei que você está em mim

O meu ofício de escrever é o do pescador

O meu nome tem também a letra A

Como tem a letra A o amor e o luar enfim

E mais não sendo, sou sem meios, dos confins

(Ouvindo Gita, de Raul Seixas e Paulo Coelho, em Florianópolis, março de 2010)