O Velho

Observo um senhor, sentado numa cadeirinha

Daquelas de balançar, na calçada

Numa sem pressa de quem já viveu

Com gosto, com vida intensa, forte

Observando o tempo em volta, rápido

Acontecendo num piscar de olhos

E ele ri, numa gostosa gargalhada

Não sei se por admiração pelo ritmo frenético

Ou de sabedoria, por saber que essa pressa toda

É vã, sem sentido.

No seu olhar, a nostalgia é evidente

Assim como a saudade estampada

No seu rosto, que insiste em mostrar

O tempo que bateu à porta, com vontade

E insiste em lhe carregar, não sem luta

Pelo que representa a vida a ele

Pelos sonhos que ainda possui

Pela vontade de sobreviver

Pela esperança, pelo amor, por dor.