Não Canto

Não, não sei cantar os seus olhos

Que são doces, suaves, e bem sei,

Mas não posso proferir nota afinada,

Som terno e macio sobre tal...

Sei defini-los, força castanho-escura

Que jamais entorna-se sobre meus dedos,

Mas, no entando, não sei cantá-los.

Não sei cantar teu corpo que é esguio

E tua voz, suave amanhecer entre os ouvidos

E por mais que tente, não consigo cantá-los

Bem como são, fascinação multi-color invertebrada

Que se aperta e se esguia por entre a madrugada

Como onda de fogo nos céus de qualquer mês...

Mas no entando não sei cantá-los como moldura,

Estátua perfeita e lívida que sob meus dedos desvanesce,

Sei cantar o teu efeito, teu fogo-feitio, tua pintura,

Mas não a fôrma por sobre qual se encaixa;

Apenas a membrana liquida por sobre teu nome.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 20/03/2010
Reeditado em 21/03/2010
Código do texto: T2148755