CLICK

Ó tempo real!

Quero um poema real,

Uma palavra difícil,

Um amor inútil.

Só assim poderei ser livre,

Dizendo das coisas o que são

Não o que vejo e penso.

Eu escrevo enquanto escrevo-me,

Me traduzo mor-fo-ló-gi-ca-men-te

Causo náusea em meu poema,

Causo náusea e pena

Mas não me importo,

Não quero,não ouso querer

O que não posso sentir,

Apenas digo sem sotaque

Coisas do dia a dia

E a poesia do real

Passa,transborda aos olhos,

Uma rua,uma placa,

Carros,meninas de bicicleta,

Bolinhas de gude,mercado,

Formigas no formigueiro,

Redundâncias,só pra variar,

Para trair o poema,

Para quebrar esse tédio...

-Palavras para epitáfio-

"O poeta ama!" Ama?

Redundância.

Acabou,sim,acabou,

Decerto nem existiu.

Olhos fixos na tela,

Ausência de imagens,

Somente uma sombra.

-Feito névoa que se dissipa-

Inútil pedir outra dose,

Meu coração está morto,

Minha cabeça dói

Enquanto passa o romance.

Mas eu conheço esse filme,

A moça se apaixona,

O rapaz escreve cartas

E no final...

Espera! batem á porta!

me vejo chegando,

Me olhando,

Sou eu morto

Ou bêbado,tanto faz,

Me aproximo de mim,

Fim de noite,

-Ressaca de tristeza-

Me observo,

Corpo fantasma

Estirado no chão

De um poema real.

Alma letárgica,

Olhos vazios,

Tenso,teso,

Ou hirto,

Como preferirem.

Me aproximo,

Me beijo no rosto,

Acabou,

Desligo o amor,

Click!

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 22/03/2010
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