QUANDO OS CORAÇÕES SE CALAM...

Quando os corações se calam
E todos os versos se resvalam
Pelas frestas do peito...

O ardente fio da saudade...
Feito rio que me invade,
Tinge o meu leito!

Toda poesia então arde...
Por mim em grande alarde
E eu me deleito...

E toda vasta ventura
Causa-me tamanha ruptura
Que não tem jeito!

E sangram em laivos de prata
Todo verso que retrata
Meu fatal desgosto...

Esculpindo-se em obras minhas
Estampam-se nas linhas
Do meu rubro rosto!

Em vultos e formas claras
Do amor que tu declaras
Com ledo gosto...

E o orgulho que me resta...
Escorre-se pela fresta
E cai do seu posto!

Goiânia-GO, 25 de março de 2010.