Paixão em taça de poesia

Vasculho meus recantos a procura de vestígios seu

Não perguntes porquê o busco

Não saberia responder com exatidão

É um emaranhado este caminho que hoje trilho

Quero desvencilhar-me deste fantasma

Que ainda deita ao meu lado sussurrando fantasias

Destas que coloca qualquer ser em um pedestal

Por vezes parece tão real que chega a me confundir

Mas se abro os olhos e chamo por ti

Escuto meu próprio eco perdido no escuro

Imagens borradas, gestos amorfos

E guardo as palavras não ditas no relicário

Não são pedidos de desculpas,

Não me envergonho de ter-te amado

Mas existe aqui em meu santuário

Uma dor estranha de um amor depauperado

- mais uma noite de insônia -

E enquanto o dia sobe vertical

Eu desfaço nós, fecho os ouvidos

Visto um sorriso amarelo

E feito lua me disfarço num gemido

- reticências deste memorial –

Até que a noite venha semearei palavras ao vento

Na esperança de colher uma que faça jus

Para dar um final feliz a esta história

– desapaixonar é uma arte -

Porque quando finda uma paixão

- e finda sempre de uma só parte –

O tempo vai ensinado a recomeçar cada dia

E nos mostra que saudade é um espaço vago

Que pode ser preenchido por qualquer coisa

Um bom vinho, um livro e uma taça de poesia.

khayssa
Enviado por khayssa em 27/03/2010
Código do texto: T2162932
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