Paredes

As paredes pareciam até confabular,

Como soubessem o que estava para acontecer!

Ao presenciar duas bocas, uma na outra se tocar,

Já sabiam, que um dos dois ia enlouquecer...

~

Ai então, elas vão servir de proteção,

E no calor do quarto, parecem também suar,

Com dois corpos transpirando a paixão!

Encaixados com perfeição, na difícil arte de amar!

~

E nesta hora, o tempo não deveria ser medido,

Na verdade, não deveria nem haver tempo!

Não deveria haver idades, nem elos perdidos!

Somente sussurros, que pudessem ir com o vento!

~

Relatando para as paredes, a face oculta!

De duas sombras excitadas à meia-luz,

Entrelaçadas, numa liberdade absoluta,

Como um quadro nu, em que a vaidade seduz...

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E assim presenciaram um momento mágico,

Quando num turbilhão, o orgasmo atingir a vida!

Anunciando este momento tão fantástico,

Alcançando o cume de duas almas enaltecidas!

~

Que depois de cansadas, encontraram o sono!

E entre o sono o sonho, pelas paredes amparadas,

Estiradas na cama, como que num abandono!

Mas respirando amor, no silêncio da madrugada...

~

Paredes, elas não podem confessar, então calam!

Pois entre elas, há milhões de mundos diferentes,

Pois por ali, muitos outros perfumes exalam,

Loucuras se revelam, e outras se fazem presentes...

~

Porque paredes! São testemunhas fascinadas,

Do amor, e da fragilidade das emoções...

E mesmo, quando das luzes apagadas,

Elas enxergam o que arde além dos corações...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 03/06/2005
Código do texto: T21766