Luas e palavras

As palavras já me faltavam,

Corroída por este universo que me corre nas veias todas as horas

E que saudades tinha eu, alma impune desses pecados

Ser comprometida e entrelaçada em dedos permanentes, que não falham…

E que o mundo não acabe

Que o nascer do Sol seja tão maravilhoso e iluminado amanhã como o foi hoje

Que as palavras não me sequem e não me deixem a morrer à sede

Que a imaginação não desfaleça e perca as forças conforme este coração por vezes tão disforme, distante, inconstante e confuso.

E eu meu amor, que jamais me canse de gritar que o amor é isto

Invasão de segredos

Deuses intensos das águas e do vinho

Cálices que bebo sem recear o veneno

Calor que me queima as artérias e me flui num sangue que não o meu.

Sem medos desses cabelos de oiro rebeldes

Olhos que se rasgam em fontes reflectidas nos meus

Corpo que me entrelaço em entregas profundas

Horas puras sem harpas e farpas

E as palavras já me faltavam

Cantos e sonetos

Melodias e danças, tristes ou radiantes.

E hoje sem medos, regresso aos meus papeis,

Papiros de vidas com historias e mundos

Universos pequenos

Tragédias gregas

Poemas, poesias

Palavras e palavras que me invadem os segredos

Cubículos e sub mundos que consistem na loucura

mestre que me encanta as noites de chuva submersa,

Dança do ventre

Serenidade

Sensualidade

Fonte inesgotável de saudade

E aqui me fico, choro de alegria, despeço o sonho e adormeço com as luas…

E que amanha o sol brilhe tanto quanto ontem e as palavras não me faltem

Que não recue por medo desses olhos que me inspiram sempre

E que por vezes meu amor,

Incondicionalmente me deixam a sós com o universo das coisas vazias

Estática

Fria

Trémula

E sem fala…

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 16/08/2006
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