Luas e palavras
As palavras já me faltavam,
Corroída por este universo que me corre nas veias todas as horas
E que saudades tinha eu, alma impune desses pecados
Ser comprometida e entrelaçada em dedos permanentes, que não falham…
E que o mundo não acabe
Que o nascer do Sol seja tão maravilhoso e iluminado amanhã como o foi hoje
Que as palavras não me sequem e não me deixem a morrer à sede
Que a imaginação não desfaleça e perca as forças conforme este coração por vezes tão disforme, distante, inconstante e confuso.
E eu meu amor, que jamais me canse de gritar que o amor é isto
Invasão de segredos
Deuses intensos das águas e do vinho
Cálices que bebo sem recear o veneno
Calor que me queima as artérias e me flui num sangue que não o meu.
Sem medos desses cabelos de oiro rebeldes
Olhos que se rasgam em fontes reflectidas nos meus
Corpo que me entrelaço em entregas profundas
Horas puras sem harpas e farpas
E as palavras já me faltavam
Cantos e sonetos
Melodias e danças, tristes ou radiantes.
E hoje sem medos, regresso aos meus papeis,
Papiros de vidas com historias e mundos
Universos pequenos
Tragédias gregas
Poemas, poesias
Palavras e palavras que me invadem os segredos
Cubículos e sub mundos que consistem na loucura
mestre que me encanta as noites de chuva submersa,
Dança do ventre
Serenidade
Sensualidade
Fonte inesgotável de saudade
E aqui me fico, choro de alegria, despeço o sonho e adormeço com as luas…
E que amanha o sol brilhe tanto quanto ontem e as palavras não me faltem
Que não recue por medo desses olhos que me inspiram sempre
E que por vezes meu amor,
Incondicionalmente me deixam a sós com o universo das coisas vazias
Estática
Fria
Trémula
E sem fala…