Saudades...

Saudades...

por mais que doa dizer isso (e dói),

é o que eu sinto...

Ela surge de repente,

na calada da noite,

de um silêncio profundo,

e traz consigo teu perfume,

e o gosto do teu beijo,

e a lembrança do teu corpo,

e me arrebata de repente,

quando menos se espera.

Fujo de mim mesmo,

busco novos pensamentos,

mas ela me vem mesmo assim,

silenciosa e doce,

terna como os teus olhos,

discretamente...

E me traz as melhores lembranças,

justo aquelas que eu queria esquecer.

Então eu escrevo,

procuro os melhores versos,

os mais puros,

e tento traduzi-la.

Relembro cada palavra,

cada gesto,

cada beijo,

por um momento eles me bastam...

E então gabo-me do que eu fui

e do que senti.

E assim ela vai embora,

deixando a certeza de um amor que foi maior do que eu,

e, portanto, me levou mais do que eu suportaria.

Afinal, entre todos os altares que eu construí,

tu foste o maior dentre todos os meus deuses (malditos deuses)...