Mercenários com suas palavras
Eu e você podemos organizar bem as palavras...
Sabemos fazê-las de facas de dois gumes
Perfuramos um ao outro com elas
Machucamos, mesmo não querendo
Ou querendo
Provocamos a ira um do outro
Até que não restem mais palavras afiadas
Então um chora e outro quase morre
é assim que esses tipos de feridas doem.
Somos mercenários
e nossa recompensa é a lágrima alheia.
Mas só caçamos um ao outro
porque não existe vítimas e nem vilões além de nós.
Duelamos por anos e anos...
Já estamos cansando mais uma vez
Já é a hora de entrelaçar dedos e tocar lábios
Nossos corpos já sentem a nossa falta
E hora de calar, e deixar que eles falem por nós.
Eu sei que você agora dorme tranqüilo
De olhos fechados você não é tão agressivo
E seu rosto com traços ainda de um menino
me comove, eu abro mão de minhas armas também
Não pronunciemos nenhuma palavra
Pois quando ela ecoar em nossos sentidos
essa paz ficará extinta...
Se você soubesse o quanto eu te amo
me odiaria mais ainda por estar tão distante de você.
(para A. K.)