PALAVRA DADA, PALAVRA ESCRITA


Cada palavra
tem sua importância,
cada poema
um ar de arrogância.
Cada palavra
tem seu sentimento
num certo momento
de um relacionamento.

A liberdade é individual
e deve ser preservada
do resto de tudo,
das afetividades,
das ingenuidades.
Com certos afetos
e com certos carinhos,
nenhuma palavra basta.

Nenhuma palavra da gente pode ser expressa
se não é aquela que interessa.
Nenhuma palavra
viverá para sempre,
se refletida em gestos e enigmas,
não basta o querer
não interessa o poder,
nenhuma palavra...
nenhuma razão de ser.

Palavras devem ser dadas
em momentos de amor,
em contatos carnais
espirituais
alegres
sinceros.
Palavras que não se falam aos berros,
nem aquelas trancafiadas
por detrás dos grandes erros.
Palavras devem
sobrepujar
o glamour dos grandes sentimentos.
Devem superar os traumas
e serem a máxima
de todos os argumentos.
São nelas que superamos as brigas;
através delas é que esclarecemos os nossos suicídios;
por elas é que desenvolvemos nossos verdadeiros subsídios.

Palavras não servem
para algemar valores,
palavras não convém
para contrair dissabores.

Não vale algemar certos instintos
e deixar palavras correrem soltas
tal sangue quente que percorre as veias e seus labirintos
pelos caminhos tortos dos nossos corpos.
(palavras revoltas...)

E pelos rumos desconhecidos do mundo
até onde encontram-se,
cores,
falam-se
amam-se
traduzem-se,
palavras!


Wildon lopes
(19/08/2006)

(palavras escritas em 1984 para Neiva no Zanzibar- bairro Santana -SP)