À primeira vista

quem és tu, mulher,

que com olhos de gueixa me olha,

rasgando no rosto um sorriso maroto

de quem anseia o que semeia?

quem és tu, mulher,

que se me chega do nada,

como se no nada fosse possível

haver por lá coisa assim tão bela?

quem és tu, mulher,

que tem na pele a cor da terra molhada,

nos cabelos a do veludo da noite

e no colo um berço pra minha cabeça pesada?

quem és tu, mulher,

que me faz sonhar acordado

imaginando tudo que fica guardado

para além do que posso ver?

quem és tu, mulher,

que me desperta assim derepente

chamando-me de volta ao presente

de onde, há muito, se me fiz ausente?

Tu, mulher,

assim sinto eu,

é a expressão concreta, numa fotografia,

do que, em mim, é sonho ainda!

Dreyf Gonçalves
Enviado por Dreyf Gonçalves em 05/06/2005
Reeditado em 09/06/2005
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