Amor Sorrateiro

O dia acordou chumbo.

E os lençóis, descansavam sobre o seu corpo brando.

Eu invejei o sol, que beijava seu dorso nu e imaculado.

Ao virar-se para espreguiçar, vi cada silhueta do seu corpo.

E o aroma que você defere, é o meu perfume predileto.

O gosto da tua boca. Gosto esse de fruta nunca provada, mas desejada.

O dia despejou em chuva.

De lágrimas corriqueiras, de um lamento soturno.

Contentamento, complacente de amar o impalpável.

Lamentar a lamúria.

Esquecer que amou. Amar-ter, talvez.

Brandura do meu esquecimento.

O dia se fez penumbra.

No isolamento do meu árido jardim

Seu silêncio ensurdecedor.

Do choro, que esboça seu sorriso.

Que faz doer de tanto cinismo.

E meu coração, cala-se no escuro.

O dia desprezou a noite.

Oração sem palavra.

Corpo sem amor.

Alma mal lavada.

Sexo sem paixão.

Amor sem perdão.