AGORA NÃO ADIANTA CHORAR

SOU O TEU DESEJO

O VENENO

SOU A DISTÂNCIA DA TUA DOR

O INÍCIO DA PARTIDA

SOU O TEU ABISMO

QUANDO CAI EM APUROS

SOU A TUA ALEGRIA DA CHEGADA

A TRISTEZA DA DESPEDIDA

SOU O TEU MEIO-DIA

O HOMEM DA MADRUGADA

SOU A JANELA SEM VIDROS

O VASO SEM FLOR

SOU O PÁSSARO SEM ASAS

O CEGO SEM A GUIA

O PARASITA QUE VOA

SOU A ESTÁTUA QUE CAMINHA

O POMBO QUE VIGIA

QUERO O RETORNO DA VIDA

SEM DIREÇÃO DA MORTE

SOU O TEU SUL

NÃO EXISTE O NORTE

SOU A PEDRA CAMINHANTE

O TEU CAVALO FALANTE

QUERO GRITAR

BEM ALTO

ONDE ESTOU?

NÃO TENHO MAIS CÉREBRO

ELE PAROU!

SOU A TUA UTI

O TEU OXIGÊNIO

SOU O TEU CASTIGO

A IDENTIDADE

E A TUA FELICIDADE

EU, SOU EU

OLHE ESSE CORPO

ATIRADO E MORTO NA AVENIDA

AGORA NÃO ADIANTA CHORAR

CANSEI DE PEDIR

PARA VOCÊ ME AMAR

***ESSA POESIA DEDICO, A UM LEITOR E AMIGO MEU,

GILBETO SOUZA***

Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 22/08/2006
Reeditado em 22/08/2006
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