Carta a um poeta

Há quantos dias não destino os meus versos a ti

nem te revelo os lindos sonhos que contigo comunguei...

Não que eu te tenha esquecido ou deixado

nem que meu amor tenha sido terminado...

Impõe-me a vida que eu te deixe assim, tão arraigado a mim,

ainda que de longe, ainda que de passagem, ainda que jamais...

Há quantas horas não te digo de mim o coração

nem das dores que me possuem, dos medos e da solidão...

Não que em ti não deposite a mais pura confiança

nem que meu amor se tenha tornado enfraquecido...

Impõe-me a saudade que eu te lembre assim, tão apartado de mim,

ainda que o deseje, ainda que o necessite, ainda que depois...

Há quantos minutos não penso totalmente em ti

nem nas tuas palavras mansas por mim saboreadas...

Não que delas ainda eu não sustente a vontade de sorrir

nem que meu amor tenha sido frenado...

Impõe-me o desconsolo do tempo que já se passou,

ainda que teu olhar, ainda que teu colo, ainda que teu calor...

Há quantos segundos não te sensibilizo assim,

tão demasiado longe, imaginado tão perto de mim...

Não que eu esteja fugindo da tua poesia um pouco dedicada a mim

nem que pense por algum momento em esquecer-te a ilusão...

Amo-te, meu poeta querido e continuo a querer-te comigo,

ainda que sozinha, ainda que sempre, ainda que não saibas.

Nalva
Enviado por Nalva em 22/08/2006
Reeditado em 23/08/2006
Código do texto: T222846
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