Inesperadamente... vens - Do livro "Reverência ao encontro"

A poesia, companheira Divina

Da noite, da solidão, do homem.

Vestida de branco, azul, despida,

Face rosada, morena ruiva,

Nada importa, tudo fica no esquecimento,

No desejo apenas, do momento,

De ser, ter, possuir a substância

A química exata para fertilizar,

Receber e dar frutos.

Não importa a hora

Em que chegada se retém,

De onde, em que vínculo vem.

Não importa se, deslizando em águas revoltas,

Lagos sereno,

Nuvens, neblinas ou garoas.

Não importa se, em carruagens,

Trenós puxados por cães,

Em galopes de corcel branco.

Ah, que diferença o dom faria

Se te soubesse vinda dos lixos das suas,

Da poeira das fábricas, das camas sem prazeres,

Das calçadas imundas?

Pouco importa, tens a redoma,

O pedestal nos cristais que aqui ficam.

Tens teu estado em cada estado,

Parte do momento, sons de um silêncio.

Tens a vida em minha vida,

Rolas em minhas mãos,

Enquanto rendo graças a Deus

Pela cândida simplicidade deste encontro.