LÁGRIMAS DA INCERTEZA

Ontem a incerteza me procurou

Trazendo nas mãos uma espada

Foi algo tão de repente que minh’alma chorou

Porém minha boca permaneceu calada.

Meu peito foi escancarado com a violência deste golpe

Então adentraram a saudade e a solidão

Tive desejos de fugir a galope

Mas não tinha forças para resistir esta dolência em meu coração.

Passei a digladiar-me

Com estas forças opressoras

Que poderão ou não matar-me

Iludo-me tentando encontrar uma porta salvadora.

Que ajude-me a me libertar

Das angústias deste sufoco

Que vedam o meu direito de amar

Te chamo com gritos roucos.

Pois os meus gritos aflitos

Cansaram-se de clamar

Meus anseios perderam-se no infinito

E não me resta outra coisa senão chorar.

Por uma mulher que és minha deusa, minha musa inacessível.

A razão dos meus sonetos, dos meus cantos.

Digladio-me com um amor impossível

E não me canso de escrever aos prantos.

Nas entrelinhas os detalhes da minha lida

Sonhos e desejos não realizados

Existe um pedaço da minha vida

Em cada verso de prantos banhado.

Às vezes longe dos olhares amigos

Me pego a chorar à toa

Suportando a dor de muitos castigos

Por jurar amor a uma pessoa.

Que não acredita

Nas muitas loucuras que fiz

Nas palavras amenas que meu coração dita

Só para vê-la feliz.

Quando você segurou firmemente o camartelo

Jurando esculpir em meu coração o amor

Deixei-me levar pelas emoções imaginando um amor tão belo

Sem espinhos, sem desilusões, sem dor.

Mas cada martelada que batia

Rachava lentamente meu peito de menino

E tão logo minh’alma morria

Sonhando que este amor pudesse ser para mim algo divino.

Inconscientemente deixei meu corpo ser talhado

Como se fora algo destinado ao corte

Como se eu estivesse pagando o preço pelos meus últimos pecados

Perdi a razão e não pude mais discernir entre o sul e o norte.

Vi meus pedaços

Espalhados no chão como se fosse pedra

Ainda assim pensei em correr para os teus braços

Mas o medo de perder-te medra.

De forma tão natural

Que continuo submetendo-me a este castigo

A esta forma de esculpir tão brutal

Minh’alma lastima-se na ânsia de estar contigo.

Perturbando o meu estado emocional

Criando em mim um desejo extraordinário

É algo tão descomunal

Que voluntariamente caminho para o calvário.

Por não saber se é amor ou loucura

O que sinto por esta musa que me surge e desaparece de minha vista

Será que sou mesmo sua escultura?

Ou tão somente o seu melhor artista?

Às vezes quero falar, mas não sei se devo

Trazer à baila a essência deste sentimento

Que surge como um detalhe em alto relevo

Desesperado te chamo com meus pensamentos.

Grito por teu nome até passar mal

Tão somente no afã de ser escutado

Deixo rolar lentamente por meu rosto lágrimas de cristal

Que são a prova de quanto estou sufocado.

Querendo gritar aos quatro ventos

Este amor que me esculpi e que esta me matando

Meu Deus alivia este meu sofrimento!

Eu durmo e acordo chorando.

Quem me dera ser realmente um mármore de carrara

Ou uma tábua de cerejeira

Eu não iria sentir este pranto frio em minha cara

Nem choraria por esta mulher a vida inteira.

Por esta musa que me fere

A ponto de matar-me

Sim, prefere

Matar-me a perder-me.

Preferes matar-me com golpes de amores

Que me deixam exangue

Não suporto mais estas dores

Já não tenho forças para ver o meu peito esvair-se em sangue.

Tento pisar em terra firme

E a cada passo cambaleio

Pois é tamanha esta dolência que me oprime

Meu coração já não suporta tanto anseio.

Tento fugir de repente

Deixo declarações ao meio

E quando menos espero estou aqui novamente

Quanto mais tento evadir-me mais me enleio.

Buscando com avidez a tua imagem

Sendo massacrado por uma enorme distância

Retoco todos os dias a maquiagem

No afã de conter minha ânsia.

Guardo na lembrança

Os detalhes de tua veste

E não perco a esperança

Que venhas a mim com teu brilho celeste.

Consolar minh’alma aflita

E enxugar todas as lágrimas que chorei

Pois minh’alma geme, chora, grita...

Ao lembrar como desesperadamente te amei.

Perdendo-me em suas contra-propostas

Mesmo inocente tento encontrar palavras de desculpas

E não consigo encontrar respostas

Plausíveis que possam inocentar-te de suas culpas.

Faço dos versos a minha estrada

Faço de ti o meu sonho

No peito amor, tristezas e mais nada.

Desperto com o semblante tristonho

Sem saber que você faz caso das lágrimas que choro

Lanço minhas vontades no pó

Penso em desistir desta luta, volto a mim e mais uma vez imploro.

Que não me deixes só

Em meio a todo este lamento e desespero

Que me deixa assim tão angustiado

Tentando descobrir qual foi o meu erro

Será que foi ter te amado?

Se eu não sentisse este sentimento

Meu peito não seria mutilado pelas dolências desta solidão

E seria poupado de todo este descontentamento

Perdoe-me por ter te amado sem pedir permissão.

Escritor Jailson Santos