Pós

Como febre violenta,

fúria que tudo arrebenta

e alma que o Diabo atenta,

queimamo-nos nessa alcova

em que nada se reprova.

E depois de tal brasa,

aninho-te sob braço e asa;

e te conto a outra história

que retive na memória.

Tão bom percorrer tua nudez,

esse gosto de xeres

esse mistério xadres.

Contigo adormecer,

contigo sonhar.

Esperando não tardar

o momento de ficar.

Apagar o dia

e toda melancolia;

e saber porque nunca ia

de teu laço que já me prendia.