Conversa sem fim

Carrego dentro do peito um amor nunca pensado, livre como sabiá voando, pro mundo um fardo muito pesado.

Falar de amor é tão fácil, viver são outros quinhentos; quem fala de amor nem de longe percebe este sentimento.

Amor não se fala – se vive. Não tem distância que afaste; igual ao teu nunca tive, não há beijar que me baste: quero-te a todo momento.

Quero beijar teus cabelos, teu pescoço arrepiado; quero deitar no teu colo, fazer carinho em teu queixo, e em ti ficar aninhado.

Nossas conversas são longas, parecem nunca acabar, quando uma finda, vem outra emendada na que ficou.

Fico parado te ouvindo, guardando o que tu me falas, vivendo teu dia-a-dia, falo de minhas muitas histórias.

Pagas falando das tuas, escondidos do passar das horas; o relógio cúmplice, silente, finge-se de esquecido até nós irmos embora.

A falta que de ti eu sinto não é falta presencial; não é falta que se mitiga só com presença carnal – é mais falta de tua voz amiga que a distância encurtou.

Poetas não são normais: disso bem sei, não me assusta. Normais não fazem poesia, não captam esta sintonia - é coisa de gente revel.

Gente que bebe em outras fontes, que enxerga beleza num rio, suavidade em um monte, o mel existindo na flor

Antes do beijo da abelha. É gente que sabe e confia que não existe sexo em poesia – poesia é o reino do amor.

Já usei de mil palavras prá te dizer o que sinto, estou a procura de uma que seja definitiva, que não se perca em tropel.

Que nos convença de vez, que o Universo te fez parte do verso que sou, somando e nos dividindo numa equação resolvida.

Mesmo distantes no Agora, em ubíquos nos transformamos, ficamos juntos no Sempre, em um amor de toda Vida.

È bom demais partilhar da companhia de quem amamos - não há o que refutar. Só acrescento que, quando se tem certeza do sentimento que se nutre por alguém, o simples fato de se comunicar, não importando os meios, mantém acesa a fogueira que aquece o amor compartilhado, posto que para o amor, a distância nunca será barreira.

Vale do Paraíba, manhã da segunda Quinta-Feira de Junho de 2009

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 26/05/2010
Código do texto: T2280786
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