BREVES INSTANTES


Tua imagem surge de repente,
do nada.
Meus olhos denunciam
minha felicidade, 
meu rosto estende-se
em um largo sorriso.


Meus braços
fazem um rápido movimento,
minhas mãos acenam
de forma singular.


Nossos rostos
se encontram
em um beijo cordial,
amistoso,
discreto.
Brinco sobre tua ausência...


Conversas rápidas,
centradas.
Alguns deslizes
em breves instantes,
brincadeiras para descontrair
a tensão de nossas
emoções contidas. 


Em mim,
sempre a dúvida,
o medo do ridículo,
da exposição de sentimentos
tão verdadeiros,
mas que me fragilizam
diante do mundo.


E tu, 
em um eterno vai e vem,
apenas me faz sentir
o sabor de tua presença
sem saciar minha vontade
de estar contigo.


E vivo assim,
apenas de breves instantes,
que se diluem no tempo, 
escravizam meu coração
em um desejo
que nego
com minhas palavras.


Nossas reações
são cuidadosamente calculadas,
para não nos comprometer
com aquilo que não
podemos oferecer um ao outro,
mas ao mesmo tempo,
sinalizando,
de tempo em tempo,
algo especial,
para que não nos distanciemos
de todo.
O medo de perdermos
um ao outro.