Viver não é Natural ( Gauchismo Universal)

Eu nasci no campo aberto da Pampa Meridional
E antes de vir a falar a língua dos meus iguais
Aprendi a relinchar na linguagem dos baguais
Descobri que pra ser gente preciso é ser animal
Para viver sem o tempo e o medo descomunal
Da morte que é coisa certa pra todos que nascem vivos
Que a história não nos reporta e nem existem arquivos
De alguém que caminhe hoje com duas mil primaveras...
E uma pena é que a escola não nos ensine nos livros
A morrer... Em razão humana, com a sapiência das "feras".

Por isto se há que viver como vive a bicharada
Que desconhece o nunca e não conhece o terminar
E na hora de nascer não pergunta o seu durar...
Apenas vive feliz... A vida que a si é dada
Caminha por caminhar, sem pensar no fim da estrada...
Não precisamos ter medo só porque o sol vai se por
Pois deixa o rastro na lua na hora em que ele se for
Como nós devemos ser, no momento derradeiro:
Só cheirar... E lamber o Companheiro
Pra degustar seu Amor e ser vidro pro seu cheiro...

Que a ordem da natureza é só o nada ser eterno.
O perfeito é o vazio, o do caos ordenamento
Sem anos-luz nem momento
Sem morte, sem nascimento, nada de céu ou inferno
Nada de velho ou moderno...
Apenas o Campo Aberto da Pampa Universal
Onde o Animal é humano e o Homem é um Animal
Sem nenhuma interferência nem de Religião ou Ciência
Filosofia nem tudo, porque a da vida essência
É o não-falar sem ser mudo; o não-ser, mesmo ao ser tudo
Apenas pra ser igual...

( Ao meu Querido Amigo João Bosco Ayala, um dos maiores Compositores do Rio Grande e a toda a "nossa" família, na qual me incluo de oferecido, por todo o bem e o prazer que sempre me deram)
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 28/05/2010
Reeditado em 12/12/2015
Código do texto: T2285439
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