Mergulhando no tempo

Encontro de ponto espera,

De ponteiro que faz à hora.

Hora que nasce o dia,

Aurora despida ao abraço,

Berço, descanso do cansaço,

Enquanto a espera se renova,

Mutável na ausência,

Pondera na expectativa

Encontro de esquina, ponto,

De gente que passa,

Do fundo alheio a fumaça,

Goteja o olhar na espera vã,

Encabula o abraço na voz que para,

No mundo mudo que avança.

Na sombra da quieta esperança,

Contorcida, tonteia a saudade,

Sem torcida, sem vaidade,

Semeia, colhe a flor que brota,

Que um dia há de perfumar,

As alamedas que fizeram esperam.

Ponto de espera sem encontro,

Sem madrigais, luzes estrelando,

Pisca de faróis ardendo,

Queimando um novo mundo,

Derretendo um grande sonho.

Nulo, infinitamente nulo,

Nada, absolutamente nada.

Sereno, friamente sereno

Orvalhando as calçadas,

Enquanto prescrito cai meu verso

Ao reverso da vida,

Revanche extremamente nefanda

Bailando neste confronto inconfundível,

De mim, com os traços da solidão.