Amas-me

Amas-me, mas ages como se não amasse.

Amo-te, mas ajo como se minh’alma não cantasse.

E neste fingir tão incoerente, perdemo-nos.

Outros desejos nos consomem, e, por fim, esquecemo-nos.

De que adianta amar, amar para si?

Pois digo que amo-te, e, reclusa, pereço por ti!

Quem disse que seria fácil amar?

Quem disse que por amor é preciso suicidar?

Suicidar a alma, a calma, a vida?

Pois por ti, meu amor, já decretei minha partida...

Já desisti do canto dos pássaros,

E repouso no refúgio da solidão.

Clamo pelo silêncio dos sádicos,

Dos que deixaram o amor no porão.

Hoje é um fardo amar.

Hoje, não sei mais, a quem no mundo procurar.

Bobagem! Procuro por ti, sem hesitar.

Mas hesito, enfim, em teu olhar.

E meu amor não acaba, recomeça a cada manhã.

Dentro de mim, longa morada.

Meu amor cria assim seu próprio clã.

Aldeias, estradas, rios de ilusões

Tornados, charadas, trovões.

Amas-me, é o que preciso saber.

Pena este nosso amor não dar-nos de beber...

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 09/06/2010
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