Eu te proponho
Eu te proponho
Deixarmos de lado a saudade
As rusgas, desavenças, ranhuras
Abandonar de nosso poema as rasuras
Desfazer o contrato com o recato
Te proponho tua entrega em meus braços
Eu te ofereço
A louca promessa de um encontro
E mais que sonhar, mergulhar em abraços
Passar a madrugada a suspirar em meu regaço
Camuflar nossa enganosa inocência
Desejar a presente incoerência
Esquecer do mundo que talvez ainda gire, obtuso
Te ofereço a cumplicidade do abuso
Eu te proponho
A confusão de corpos incertos
A louca alquimia de nossos desertos
As mãos transpondo os limites da seda
Revelando pele, alma e fraqueza
Com a sede que só os amantes buscam
Entre lençóis derramar nosso querer encoberto
A precisão latente de nossas entranhas
Que se confundem num atropelo tão certo
Eu te proponho
Deixar o luar entrar, a solidão sair
A paz aflorar depois do desejo saciar
E pela manhã, te proponho ficar
Nossos hálitos de novo misturar
Novamente sugar meus contornos
Combinar com o dia um suborno
Obedecendo do Destino o caminho
Te proponho não ficar um minuto mais...
...sozinho.