rendição
*
o corpo, despido, sobre o aconchego
dos alvos tecidos contrasta à luz amanhecida
que penetra às fissuras das rosas paredes.
à pele, um esboço, frágil, delineado
em uníssono à tarde, ele, desliza.
lírios perfumam entre roseiras úmidas:
fragrâncias d'outras e frescas
palavras, desnudam-se, exalam
derramando flores: pétala a pétala.
o mar, debruça-se
ao dorso encarnado e por dentro
da alma: a flauta desagua: sonatas.
sulcam saudades e
ao vento, o véu de palavras
abertas, evapora-se, sobre
os olhares iluminados.
os ramos, entrelaçados,
são pernas ao longo
das águas, marinham ondulações.
entre lábios linguagens, amolecidas,
de corais líquidos, remansam e
além dos, nossos, braços
ternuras se esgueiram
e a vontade, ávida, engravida
(ventre, luminoso, de mel)
converge, mergulhe, encosta
abaixo, sem finais.
(adormece)
Brasil, junho de 2010.