rendição

*

o corpo, despido, sobre o aconchego

dos alvos tecidos contrasta à luz amanhecida

que penetra às fissuras das rosas paredes.

à pele, um esboço, frágil, delineado

em uníssono à tarde, ele, desliza.

lírios perfumam entre roseiras úmidas:

fragrâncias d'outras e frescas

palavras, desnudam-se, exalam

derramando flores: pétala a pétala.

o mar, debruça-se

ao dorso encarnado e por dentro

da alma: a flauta desagua: sonatas.

sulcam saudades e

ao vento, o véu de palavras

abertas, evapora-se, sobre

os olhares iluminados.

os ramos, entrelaçados,

são pernas ao longo

das águas, marinham ondulações.

entre lábios linguagens, amolecidas,

de corais líquidos, remansam e

além dos, nossos, braços

ternuras se esgueiram

e a vontade, ávida, engravida

(ventre, luminoso, de mel)

converge, mergulhe, encosta

abaixo, sem finais.

(adormece)

Brasil, junho de 2010.

marcia eduarda
Enviado por marcia eduarda em 13/06/2010
Reeditado em 13/06/2010
Código do texto: T2317750
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