Açucena...

No éter azul cheio de magia

nuvens são flocos de poesia

descobrindo um rio d’alma...

E brando zéfiro curva a palma

mas não acalma as ansiedades;

leva palavras, traz vontades

e, sem demora e sem delonga

nega-me a noite mais longa

pra que eu, dormir, nem possa

pois quando o sonho se esboça

um pombo em recortado voejo

toma nas asas o meu desejo.

Enquanto decifro a voz do vento

suspeito que foi meu pensamento

quem te trouxe aqui e agora...

Quando tormentas rugem lá fora;

nuvens engolfam clarão de lua

e eu posso tocar-te a pele nua

mas sopre brisa e sopre aragem

nunca vejo um fim nessa viagem

porque a noite retorna pequena

escondendo de mim tua açucena,

parecendo que a vida se resume

em embriagar-me de seu perfume

mas por artes de sina e estrela

nunca ter a ventura de poder colhê-la!

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 19/06/2010
Reeditado em 19/06/2010
Código do texto: T2329340