Arcanjo
as estrelas se confundem
As flores se confundem ao vento
A poeira se confunde com os serrados dos tempos
Até os contratempos, o tempo incomum se confunde
Ao brilhar o sol com um frio de tarde nu
Se confundir é instintivamente humanístico
Está na nossa essência
Nos nossos desejos
Nas nossas dúvidas
Nas nossas virtudes que são por vezes confundidas
Com um lirismo caótico
E o mais barato dessa retórica de confusão
É dizer que a melhor de todas as ilusões
São aqueles pensamentos que vem e nos confunde
Se chão é chão ou torna-se céu
Se os toques são meus
Ou se seu sou único toque
Se meus olhos, minhas mãos frias, suadas, estabanadas
São reais
Tudo muda quando até aqui no que eu acreditava
Confunde-se com a retórica poética história
O amor transborda o vazio antes inacabável
Você confunde meu eu a dizer
Adoro-te confundir...