Poema para meu pai
Apenas um poema de despedida
sem pretensão de poesia refletida.
Apenas palavras soltas ao vento
como essa minha vida que invento
desde o dia em que fui inventada
por duas almas amantes nessa estrada,
bifurcada, por trama de linha confusa
a escrever história e narrativa obtusa.
Perdi algo que nunca tive
lembrança que em mim vive.
Entre nuances e cores diferentes
gritei alto pra me fazer gente.
Não posso dizer que te conheci...
mas, com um pouco de ti cresci.
Não posso dizer que te amei...
mas, confesso que muito sonhei.
Sonhei com teu colo e abraço amigo
a gastar as horas da vida contigo.
Sonhei também com o teu urro
ao cair do sol em um dia turvo.
Você me perdeu quando me encontrou...
Eu te encontrei quando te perdi...
Nasci. Cresci e a vida nos levou.
Arde em brasa minh´alma de filha.
Não há mais o corpo, a estrada, a cidade ou a ilha.
Transborda meu peito em canto, em amor, em “ai”
perdi o homem - em mim - encontrei meu pai.
Com carinho,
Eliane
12 de Julho de 2010