DEUSA CAMPÔNIA

Deidifiquei teu amor em minha loucura.

Os ventos do sul abrem o campo de trigo

E um pouco se perde do que estava secreto.

Plantei na minha alma a eterna despedida

Porque nunca parti e nunca fiquei,

Seu amor me volta como tempo de arar a terra

E plantar novas sementes em um campo renovado.

Assim te fiz deusa camponesa

A cuidar das chuvas de inverno

E a soprar os ramos que revelam o esconderijo

Aonde eu guardo um coração amargo e triste

Feito erva daninha num campo tão belo.

Quando o tempo da colheita chegar

E os pássaros satisfeitos voarem

Ficará meu coração por terra

A espera de novas folhagens.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 15/07/2010
Código do texto: T2380141
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