ALMAS SEDENTAS

Lembro-me como hoje num destes dias na Barra da Tijuca

Minh’alma saiu a te procurar

Respirando névoas de gás neón

E como se estivesse desnorteada corria maluca

Morta de anseios, sedenta para amar

A tua alma que sempre foge de mim

E se esconde nos breus das avenidas

Ó quantas vezes á luz da lua tentei evadir-me

Eu não tenho razões para existir assim

Eu preciso cicatrizar em meu peito estas feridas

Que corroem segundo por segundo os meus desejos

É um mistério singular, pois quanto mais me disfarço

Nas labaredas deste fogo que queima os meus lábios

A minha boca padece de secura pela falta dos teus beijos

E o meu peito geme solitário sem os teus abraços

Minha alegria que outrora sorria, chora de tristeza sem os teus encantos

De todo amor, de toda procura restou-me apenas um passatempo

Para consolar-me nas longas madrugadas

Ou para enxugar as lágrimas dos meus prantos

Viver tentando tirar a sua alma do meu pensamento

Ó quantas vezes nossas almas sedentas se amaram ao albor da aurora

Ó quantas vezes elas foram se fartaram de desejos que nasciam de repente

Hoje só restam marcas de você

Vivo sem consolo desde o dia em que você foi embora

Mas tenho a plena certeza: Ninguém irá amá-la como eu te amei desesperadamente

Só Deus conhece a minh’alma sedenta e todo o seu segredo

Ás vezes quero voltar ao passado e com o coração na mão

Penso, repenso e penso outra vez...

Mas a grande verdade é que eu tenho medo

Que mesmo a minh’alma morrendo de sede de amar ouça um não!

Escritor Acadêmico Jailson Santos