Desisti

No papel, tudo é tão mais simples.

Assim como no final.

Quando damos a guerra por perdida.

Quando baixamos as armas,

e rendidos, nos entregamos.

Resta olhar pra frente e seguir.

Podemos filosofar.

Tecer teorias.

Criar argumentos.

Mas, no fim das contas,

é só o fim e um duro recomeço.

Rebusquei no passado.

Reli e-mails, torpedos,

recados.

Enfim, lembranças.

Tenho que admitir: não sei lutar.

Em meio as emoções, eu erro.

Não sou guerreira.

Nem estrategista.

Sou, sim, emocional.

Se apaixono,

me entrego por inteiro.

Deixo que invandam o coração.

E vou entregando todo território.

Me vejo vencida.

De corpo e alma.

E o que faço?

Sapateio como criança

que se sente dona do brinquedo alheio.

Não sei dividir.

Não sei emprestar.

Não sei possuir.

No final, sim, porque o fim chega,

a alma está sedenta de remissão.

O corpo está saciado eternamente.

E o coração, exaurido, deixa de querer.

Não há, no campo derrotado,

lugar para sonhos.

Fincamos os pés na realidade.

Os olhos passam a desconfiar do quê lê.

Do quê vê.

Vamos levando.

Ora fortes, ora decaidos.

Parece que o entorno, e tudo que se ligue

a sentimentos,

fica embrutecido em nós.

Talvez, o vencedor nem saiba nada disso.

Mesmo que ele seja um fingidor.

Que nem tenha amado tanto assim.

Na guerra, há como sair ileso?

Não vou negar que no fundo,

muitas vezes,

deseje fincar em ti

a bandeira da minha dor.

Para que a próxima a chegar

me veja.

Mas, quando interrogado

o que dirias?

Foi um território banido?

Um deserto desconhecido?

Uma terra de ninguém?

Não!

Que não haja flâmulas.

Nem dramas.

Sejamos fortalecidos por nós mesmos.

Pelas lutas. Pelas perdas.

Quiçá acordemos amanhã

desejosos de amar de novo.

Quem sabe!

Etelvina de Oliveira
Enviado por Etelvina de Oliveira em 17/07/2010
Código do texto: T2383083
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.