Canto dos Sinos

Talvez a espera não perturbe o silêncio das vozes da alma

É que ser provável é ser inédito, basta ter calma

Quando os sinos badalam, os pássaros fogem das vozes

Dos homens que caminham sob o sol em meios atrozes

Nada na quietude espanta o pensamento que ilumina

Toda oração que o grito da vida implora, clama e anima

Na longínqua serenata que as ninfas criaram para o amor

Poucos corações foram encontrá-las ainda em flor

Porque o desencanto tornou-se mágoa contrita

Dois amores à cata de pássaros e sinos em prosa desdita

Foram-se em retalhos mal colocados num sereno abraço

Por onde a verdade do amor é bem mais sólida que um passo

E todo dia em desvario e choro, o medo da perda insana

Que a incapacidade faz crer que a distância engana

Numa sensação de desamparo em meio a sonhos mal feitos

Mas que o amor ensina a amar com ou sem jeitos

Podem os sinos fazer os pássaros voarem calados para o infinito

Mas não pode o homem imiscuir-se do que no amor está escrito

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 21/07/2010
Reeditado em 10/08/2010
Código do texto: T2391874