“Pernilongos ousados”

Saboreando uma sombra

Numa rede á varanda

Deitado na minha preguiça

Sonhando e tendo esperança

Lendo Mia Couto e toda a cor da palavra

Tão cheia de encanto

Que nos “Moçambiques” tantos da África distante

Planta letras nas Savanas e sonhos pelo mundo

Fazendo germinar vidas sob a forma de ilusão

Vou completando meu dia

Na noite que se anuncia

Sob a luz da poesia de Drummond

Que no afã de amar, ensina-nos com paixão

A ânsia humana de se dar

Sem ter medo da desilusão.

E no cair da madrugada fria

Deito a poesia sobre os lençóis alvos

Que me protegem dos pernilongos ousados

Que vasculham uma brecha para sugar meu sangue

Sem perceberem o risco que correm

De também se apaixonar.

® Varley Farias Rodrigues

do Livro Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, vol. 28