Beleza
O mar só é sonoro para quem tem ouvidos
Ora é tão óbvio que seja belo para quem vê
Ninguém pode ter dito
Mas você é bonita
Bonita de beleza faminta
de ganhar o vislumbre
de ser lançada ao cume
Sente que é?
O que é?
Posso convidá-la para jantar
Posso preparar a ceia como bom servo
Mas veja que não tenho modos
E não consigo adocicar-me
Só masco favos de mel
Com a boca aberta
Que diz coisa de mau trato
De razão incerta
A música é boa para quem tem sentidos
Ora é tão obvio que tenha sentido aquele que é vivo
Minha lógica
é esquizofrênica
e purgante
Lateral do que pega a vista
Visão marginal
do ser embriagante
Que é?
Vivo
Ou cuspido?
Não sei amigo
Da natureza dos sãos
Só sei dos desvairados
Que vivem nas ondas
Que chamam a Voz de coração
Mas e você?
Não acho engraçado pô-la na berlinda das prostitutas
E ainda assim sou homem são
Porque esconde o rosto entre os cabelos e dispõem-lhes o corpo?
Porque dár-lhes a atmosfera e negar-lhes a verdade?
Ninguém pode ter dito
Mas você é bonita
Bonita de beleza faminta
de ganhar o vislumbre
de ser lançada ao cume
Continuo sem trato
E sem banquete
Tenho algo para mastigar no bolso
Tenho um pouco de doçura na voz
Tenho umas palavras amaçadas no bolso
Elas se fundem e dão a dimensão
E você não sabe
Ora, você não sabe
A dimensão da beleza