CARTA A UM ALGUÉM QUE EU NÃO SEI O NOME!

Foi apenas um dia,

Numa noite,

Um momento que passou

Em uma simples piscadela.

Apenas uma vez

Foi o bastante para eu me fixar em você

E a tua imagem fincar em mim.

Seu cheiro, sua essência, sua presença

Me agarraram, grudaram, me impregnaram instantaneamente.

Tentar te remover, te apagar, te fazer desaparecer de mim

Foi à missão mais impossível que já tentei executar.

Não consegui, não consigo, não quero conseguir.

Num segundo você apareceu

No outro já tinha ido embora.

Em minha vida, a única coisa que vi se concretizar

Perante um abrir e fechar de pálpebras.

Foi você,

Que bom que era você.

Não sei o seu nome, não tive tempo de perguntar

Porque os meus lábios estavam selados com os teus

Num beijo profundo, recheado com as nossas salivas.

Minhas íris te penetraram no nosso instante

E a sua imagem me invadiu,

Procurou um cantinho e ficou aqui

Habitando em meus sonhos e devaneios acordado.

Antes de você eu era alforriado,

Era tudo o que eu queria,

Então você chegou,

Rasguei a alforria, tornei-me teu.

Nunca a vontade de me prender foi maior do que a de me libertar como agora é,

Como agora sou acorrentando às tuas lembranças

Ao seu cheiro, a sua essência, a sua presença

Que me agarraram, grudaram, me impregnaram.

Foi apenas o que ficou de você em mim

Porque nem o seu nome eu sei.

LUI SOARES
Enviado por LUI SOARES em 30/07/2010
Reeditado em 07/12/2017
Código do texto: T2409360
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