CARTA A UM ALGUÉM QUE EU NÃO SEI O NOME!
Foi apenas um dia,
Numa noite,
Um momento que passou
Em uma simples piscadela.
Apenas uma vez
Foi o bastante para eu me fixar em você
E a tua imagem fincar em mim.
Seu cheiro, sua essência, sua presença
Me agarraram, grudaram, me impregnaram instantaneamente.
Tentar te remover, te apagar, te fazer desaparecer de mim
Foi à missão mais impossível que já tentei executar.
Não consegui, não consigo, não quero conseguir.
Num segundo você apareceu
No outro já tinha ido embora.
Em minha vida, a única coisa que vi se concretizar
Perante um abrir e fechar de pálpebras.
Foi você,
Que bom que era você.
Não sei o seu nome, não tive tempo de perguntar
Porque os meus lábios estavam selados com os teus
Num beijo profundo, recheado com as nossas salivas.
Minhas íris te penetraram no nosso instante
E a sua imagem me invadiu,
Procurou um cantinho e ficou aqui
Habitando em meus sonhos e devaneios acordado.
Antes de você eu era alforriado,
Era tudo o que eu queria,
Então você chegou,
Rasguei a alforria, tornei-me teu.
Nunca a vontade de me prender foi maior do que a de me libertar como agora é,
Como agora sou acorrentando às tuas lembranças
Ao seu cheiro, a sua essência, a sua presença
Que me agarraram, grudaram, me impregnaram.
Foi apenas o que ficou de você em mim
Porque nem o seu nome eu sei.