DA COR DO SALMÃO

Tem dias que acordo

Nos braços da poesia

Me acordo dos dias

Da alma ensolarada na varanda

Nua ou às vezes de tanga

Em que só há a sensação vazia...

O sono pesado em branco e preto

O marmóreo e branco travesseiro...

Aguenta quem me sustenta:

O sempre e mesmo poema

Chamado vida

A mesma comida

Que alimenta meu coração

Versos danificados úmidos

Da cor do salmão

Do brejo fundo de rio

Do desvario

Como um incêndio na floresta

Do que arde e do que não presta

Vejam vocês essa marca na minha testa:

Tem dias que a poesia se sacrifica e vem

De uma forma sem forma sem plano sem jeito

E abre a porta do que sou e mora no meu peito

E às vezes diz que nada é: Então não sou ninguém.