Meu segredo!
Te confesso secamente meu segredo
Este que tanto guardo aqui comigo
Para todos em tanto negado
Por todos e tantos conhecido!
Confesso meu segredo ao inanimado
Que não há de trair-me repousando no céu!
E guardará meu segredo, não o segredará
A outro astro que se nomeie do amor véu!
Confesso-o já agora, o segredo
Porque se me leva a morte amiga
Se saiba enfim meu destino
Que ao menos outrora achei-me guarida!
E que passe estranho o tempo
E não mais se tenha amor
De julgarem todos corações curados
De viver em vida em tal dissabor!
Nem conheço meu segredo
De mim e de todos tão escondido
É que só por amar-te o escondo
E ainda ao revela-lo o trago comigo!
Só por amar-te escondo que te amo
Nada parece ter tanto sentido
Nada parece ser tão sem sentido
De esquivar-me assim de amor que tanto chamo!
Relato em vida o viver do não amor
Relato em vida a vida de febril sorte
Que meu segredo bate em meu coração
Que antes de mais sofrer me leve a morte
Meu segredo em segredo eu não o recuso
Meu segredo é em segredo como açoite
Que inda sofro e a tantos nego
Que penso nele toda a noite!